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sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Renúncia do Papa dá esperanças a adeptos da Teologia da Libertação

14/2/2013 Novo pontífice pode criar atmosfera mais aberta, afirma teólogo brasileiro. Atual Papa Bento XVI não era simpático à linha teológica. Os representantes da Teologia da Libertação, corrente progressista da Igreja Católica com presença forte na América Latina, manifestaram esperança de que o Vaticano assuma um compromisso maior com os pobres e viva um processo de abertura, após o anúncio da renúncia do papa Bento XVI. Esperamos que outro Papa crie uma atmosfera mais aberta, que os cristãos possam dialogar com a cultura moderna sem as tantas suspeitas e críticas, afirmou o teólogo brasileiro Leonardo Boff em entrevista ao canal venezuelano Telesur. Boff, uma das figuras centrais da Teologia da Libertação, foi aluno de Bento XVI quando ele era o cardeal Joseph Ratzinger. O teólogo comentou que o Papa atual é uma figura muito controversa e complexa. O estilo com que o Papa administrou a Igreja nos últimos seis anos, que o teólogo brasileiro definiu como burocrático e duro, fez com que muitos não sintam mais a Igreja como um lar espiritual, diz ele. A Teologia da Libertação surgiu na América Latina após o concílio Vaticano II (1962-1965), e estimulou a opção preferencial pelos pobres, com um compromisso por sua emancipação social e política, afirmam agências internacionais. Esta postura, que em um determinado momento entusiasmou o Papa Paulo VI, não contou com a simpatia de João Paulo II e foi desautorizada pelo próprio Ratzinger como prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, a antiga Santa Inquisição. Boff, que deixou a batina em 1992 em meio a fortes divergências com o Vaticano, elogiou Bento XVI por tomar uma decisão que nenhum pontífice havia tomado em 600 anos. No entanto, o teólogo afirmou às agências internacionais que o pontífice carrega um fardo negativo muito grande na história da teologia cristã. Entrará para a história como um Papa inimigo da inteligência dos pobres e de seus aliados. Ato de responsabilidade Em El Salvador, a comunidade jesuíta, ligada à Teologia da Libertação, elogiou a renúncia do Papa como um ato de responsabilidade, mas criticou o fato de não ter avançado com o processo de beatificação do arcebispo salvadorenho Oscar Romero, um emblemático defensor dos pobres e oprimidos. José María Tojeira, diretor pastoral da Universidade Centroamericana (UCA) de San Salvador, instituição de caráter jesuíta, lamentou a dívida que Bento XVI deixa com a comunidade católica salvadorenha. Romero foi assassinado em março de 1980 pelos esquadrões de extrema-direita, em resposta a seus constantes pedidos por justiça social e respeito pelos direitos humanos, em um desafio aberto ao poder político e militar da oligarquia salvadorenha. No mesmo ano explodiu uma guerra civil em El Salvador que durou 12 anos, e na qual os seguidores da Teologia da Libertação estiveram claramente identificados com as forças da insurgência. A controvérsia com o Vaticano prosseguiu após o fim da guerra: Jon Sobrino, jesuíta de origem espanhola e um dos teólogos mais próximos ao arcebispo Romero, foi punido pelo Vaticano em março de 2007 em uma resolução aprovada por Bento XVI, que o proíbe de dar aulas em instituições católicas. A punição, segundo a versão oficial, foi motivada por algumas obras de Sobrino. Nelas, segundo o Vaticano, o jesuíta enfatizou o caráter humano de Jesus Cristo e ocultou sua natureza divina. O poeta e sacerdote Ernesto Cardenal, 88 anos, destacada figura da Teologia da Libertação naNicarágua, não avaliou o legado de Bento XVI, mas disse que estava feliz com a renúncia. Durante a primeira visita do falecido Papa João Paulo II à Nicarágua, em 1983, Cardenal era ministro da Cultura no primeiro governo do presidente Daniel Ortega, desobedecendo uma ordem do Vaticano que pedia aos padres que separassem a sua militância política no sandinismo. Na ocasião, João Paulo II advertiu Cardenal diante das câmeras, em uma imagem que rodou o mundo. Fonte: G1

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