Há 50 anos desde a abertura do Concílio Vaticano II, fervem as pesquisas em vista do 50º aniversário da abertura em outubro de 2012.
A reportagem é de Lucas Rolandi, publicada no sítio Vatican Insider, 11-10-2011.
A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Mais um ano terá que passar antes que mergulhemos nas celebrações, que serão oficiais e independentes, imponentes e mais específicas, a partir das quais, como sempre, surgirão opiniões e reflexões muito diferentes, algumas polêmicas e muito mais.
Mas é assim que o Concílio Vaticano II, apesar de aceito e assumido pela Igreja e retomado com continuidade e perseverança pelos papas que sucederam João XXIII e Paulo VI, continua levantando discussão. A sua aplicação, recepção e completa sedimentação no povo cristão, para muitos, ainda não foi realizada, enquanto outros o consideram como um passo muito além da tradição e da vontade da Igreja de não se "contaminar" com o mundo, na relação com as outras religiões, ao ceder em muitos pontos da sua doutrina.
Exatamente em um ano, a Pontifícia Comissão para as Ciências Históricas organizará, em colaboração com o Centro de Estudos sobre o Concílio Vaticano II, um congresso internacional em Roma (3 a 6 de outubro de 2012) sobre a interpretação do Concílio, no qual serão fixados os critérios para essa pesquisa. "Será o ponto de chegada de uma ampla pesquisa internacional realizada pela Sociedade de História Eclesiástica e pelas Associações de Arquivística Eclesiástica de diversas nações, sob a égide do Pontifício Comitê de Ciências Históricas".
A pesquisa, que será composta dos relatórios realizados por pesquisadores especializados de diversas nações, "se configurará como um verdadeiro mapeamento mundial dos arquivos pessoais dos padres conciliares, e o congresso será o momento final de verificação, confronto e síntese das pesquisas individuais". A definição desse elenco será a premissa para um outro grande congresso previsto por ocasião do 50º aniversário do encerramento do Concílio, que apresentará os resultados da análise desses arquivos periféricos.
O Centro de Estudos sobre o Concílio Vaticano II da Pontifícia Universidade Lateranense também é o promotor de um ciclo de conferências organizadas em colaboração com o Centre Saint-Louis de France. Os encontros serão realizados entre fevereiro e maio de 2012 sobre o tema "Reler os grandes textos do Concílio Vaticano II. História e teologia". Serão convidados falar, dentre outros, o reitor da universidade, Dom Enrico dal Covolo, Jean-Dominique Durand e Giuseppe Lorizio. A ideia é de comparar duas leituras, histórica e teológica, dos grandes documentos do Concílio.
Dom Enrico dal Covolo compartilha a leitura do Concílio proposto pelo Papa Ratzinger no dia 20 de dezembro de 2005, quando escolheu a linha da continuidade à do Vaticano II como ruptura da Tradição, mas esclarece que a Pontifícia Universidade Lateranense pretende examinar "sem preconceitos nem conclusões predeterminadas todas as cartas disponíveis sobre os trabalhos do Concílio, começando com as anotações e os diários dos pais e dos peritos teológicos que participaram da elaboração das declarações e dos outros documentos aprovados".
"Só assim, isto é, com um trabalho verdadeiramente científico e imparcial, será possível verificar qual das duas hermenêuticas, de fato, é a mais correta", e depois do congresso de 2012 até 2015 serão apresentados – em um outro encontro internacional – os resultados obtidos, "sejam quais forem". "Para trazer tudo à luz como nos propomos – explica o reitor –, o trabalho de pesquisa deverá ser absolutamente imparcial". Para o bispo salesiano, a reflexão referente à "vexata quaestio" [questão polêmica] da hermenêutica do Concílio é emblemática da missão de uma universidade como a Lateranense.
Entre os muitos encontros em nível internacional, é impossível elencar mesmo que apenas uma pequena parte. Certamente indicativo, tendo-se em vista a monumental obra realizadas nos anos 1990 por Giuseppe Alberigo e Alberto Melloni, é o calendário das pesquisas e das manifestações da Fundação para as Ciências Religiosas João XXIII, de Bolonha. A esse respeito, é interessante a indicação da bibliografia dos estudos sobre o Concílio organizado por Massimo Faggioli, constantemente atualizada pela revista da fundação dirigida por Giuseppe Ruggieri, Cristianesimo nella storia, ou o desenvolvimento com uma série de aprofundamentos inéditos do primeiro portal dedicado ao Vaticano II, www.vivailconcilio.it.
Para ler mais:
• O Vaticano II, 50 anos depois. Artigo José Comblin (+ 27-03-2011)
• Vaticano II: uma mina ainda por explorar. Entrevista com Kurt Koch
• Vivailconcilio, um sítio patrocinado pelo cardeal Martini
• Continuidade e ruptura: os dois rostos do Concílio Vaticano II
• Dez motivos para lembrar o Concílio Vaticano II
• O retrocesso contra o Concílio Vaticano II
• Os frutos do Concílio
• Um Vaticano II sem rótulos
• Recepção do Vaticano II em discussão
As forças progressistas, da Teologia da Libertação, incluindo teólogos/as, pastorais sociais, Cebs, agentes de pastoral, religiosos/as, leigos e leigas, se mobilizaram para participar da Conferencia de Aparecida (2007) - uma des suas ações foi a Tenda dos Mártires, como espaço aberto, celebrativo, por 15 dias, enquanto durou a Conferência. A Tenda dos Mártires foi um alerta à toda Igreja para não esquecer seus mártires, sua caminhada, sua identidade de libertação.
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terça-feira, 6 de dezembro de 2011
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