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domingo, 26 de junho de 2011

Teologia Indígena

Não sou um teólogo, nem filho de teólogos; sou apenas um camponês e um pastor que o Senhor pegou do rebanho para lhe dizer: vá e profetiza a meu povo”. Assim, parafraseando Amós e Zacarias, define-se Eleazar López Hernández, indígena zapoteca, com trinta anos de sacerdócio na diocese de Tehuantepec, recusando com força o apelido de “padre da teologia indígena”. A teologia indígena sobrevive ao ímpeto da história, define López.


Eleazar López Hernández, indígena zapoteca, sacerdote e teólogo
“Surge justamente da experiência e do conhecimento religioso dos povos indígenas, da compreensão da vida inserida no projeto de Deus. Não é patrimônio de uma elite. É a tentativa de alargar a fé vivida pelo povo”.

“O teólogo nada mais é do que um portador, um porta-voz, um tlacuilo, um escrivão, que tem a tarefa de ser a razão da esperança do seu povo, de comunicar a alegria da presença de Deus”.

“Nós, indígenas – diz ele – longe de querermos atacar a integridade da fé em Cristo e a unidade da Igreja, queremos contribuir para a construção da ‘casa grande’ que nossos antepassados sonharam, na qual todos os povos possam viver; cultivamos flores e gozamos de seu perfume, quando as levamos em nossas mentes, e mantas com o desejo de compartilhá-las. Não somos o problema, somos a solução”.

“Compreende-se a profundidade da religiosidade indígena somente através de um diálogo humilde e respeitoso, colocando-se de joelhos, como fez o bispo Juan de Zumárraga à frente de Juan Diego (o indígena a quem apareceu a Virgem de Guadalupe), ao lhe confiar o ‘sinal celeste’”. López não se considera um teólogo, no sentido exato do termo, mas um mensageiro do povo. É como o adubo que desaparece na terra para que a semente germine.

Assim, só depois de 25 anos de sacerdócio, um “tempo privilegiado de Graça”, ousa compartilhar por escrito aquilo que define como “as pedras demarcadoras” de seu itinerário pessoal, semelhante ao de outros que “exercem o sacerdócio e o serviço teológico na Igreja”; mas “atípico”, devido a sua origem indígena. Nascido em uma comunidade zapoteca do México meridional, perdeu quatro irmãos ainda no início da vida.

A ele, entre outros oito sobreviventes, foi reservado – segundo sua mãe – um “destino diferente” do que os pais camponeses tiveram: aos nove anos entrou no seminário. Cresceu “em idade, conhecimento de Deus e da Igreja, dominando a filosofia e o pensamento ocidental”, e chegando a “desprezar a sabedoria indígena”, até que, por acaso, descobriu a pastoral indigenista. Ordenado em 1974 em Juchitá, sua terra natal, por dom Arturo Lona Reys, que se tornou bispo de Tehuantepec, contribuiu para que a língua zapoteca ganhasse mais força na liturgia, ao traduzir o Cânon da Missa. Sua Teologia Indígena foi traduzida para o inglês, francês, alemão, holandês e português.

Eleazar López Hernández

ascido em 1948, em Juchitán – Oaxaca, México, de uma família indígena zapoteca, entrou no seminário em 1961. Em 1969, formou-se em Filosofia e participou do primeiro encontro teológico sobre Fé e Desenvolvimento, na cidade do México, que lhe causou um “impacto decisivo”. Participou do primeiro curso de pastoral indigenista em Caracas; da primeira Conferência dos povos indígenas, em 75, em Vancouver; da contribuição indígena para o Encontro de Puebla e de Santo Domingo, como conselheiro, e, ao lado de dom Samuel Ruiz; da Comissão para a intermediação. Trabalha no Centro de auxílio às missões indígenas. Participa da Associação ecumênica dos teólogos do Terceiro Mundo desde 1991 e da equipe teológica Ameríndia.

http://www.pime.org.br/mundoemissao/teologiaindigena.htm

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