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segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Abades austríacos temem cisma na Igreja

Christa Pongratz-Lippitt
The Tablet
03.09.2011

Abades austríacos altamente influentes disseram nesta semana que os boatos de um cisma na Igreja austríaca não poderão ser apaziguados, e o atual conflito também não poderá ser resolvido, por meio de um encontro entre o arcebispo de Viena, o cardeal Christoph Schönborn, e os representantes dos padres dissidentes.

A Igreja tem estado em crise desde que mais de 300 sacerdotes liderados pelo Mons. Helmut Schüller [foto acima] convocaram para a desobediência em questões como o celibato sacerdotal e a Comunhão para divorciados de segunda união. Depois de ter dito aos membros da Iniciativa dos Párocos Austríacos, no dia 10 de agosto, que ele não poderia permitir que o seu apelo ficasse como estava e que eles deveriam voltar atrás ou deixar a Igreja, o cardeal Schönborn [foto abaixo] deu um tempo para que os sacerdotes "reflitam" antes de uma segunda reunião, a portas fechadas, prevista para o dia 10 de setembro.

Mas os abades e os prepósitos austríacos disseram que as posições estão agora tão endurecidas que uma segunda rodada de conversações possivelmente não poderá resolver os problemas. Existem cerca de 40 abades e prepósitos na Áustria, e a metade de todas as paróquias têm padres de ordens religiosas como párocos.

O persidente da Conferência dos Superiores Religiosos da Áustria, o abade Maximilian Fürnsinn, da Abadia de Herzogenburg, disse que um encontro da cúpula da Igreja é necessário, já que certas reformas defendidas pela Iniciativa dos Párocos, como a permissão de que homens mais velhos e casados celebrem missa, podem ser aceitas e são, pelo menos, dignas de discussão. O abade Martin Felhofer, da Abadia de Schlagl, disse: "Isso já não pode mais ser resolvido pelo cardeal [Schönborn] sozinho. Todos – bispos, abades, religiosos e representantes da Iniciativa dos Párocos Austríacos – devem se sentar e discutir os problemas juntos".

Enquanto o cardeal Schönborn estava em Madri para a Jornada Mundial da Juventude – onde aparentemente seus colegas bispos lhe questionaram repetidamente sobre a Iniciativa dos Párocos – e posteriormente em Roma para o encontro Schülerkreis [dos ex-alunos do papa Bento XVI] deste ano, a iniciativa continuou atraindo manchetes quase diariamente na mídia austríaca.

Quatro padres deixaram a Iniciativa, mas 86 se juntaram à causa, de modo que agora ela soma 400 padres – aproximadamente um em cada 10 – e 12 mil apoiadores ativos. Em suas muitas entrevistas à imprensa nas últimas três semanas, Mons. Schüller confirmou ter recebido apoio de todo o mundo, em particular do Brasil, dos EUA, da Irlanda, da França, da Alemanha, da Itália e do México.


As reações internacionais mostraram que o Vaticano estava "obviamente" diante de problemas em todo o mundo e que "as nossas preocupações certamente não são questões à la Mickey Mouse", disse Mons. Schüller no dia 25 de agosto. Ele admitiu que a Iniciativa também havia sido alvo de diversas críticas muito duras. "Alguns querem nos expulsar da Igreja Católica completamente e chegaram até mesmo a nos amaldiçoar. Eles nos chamam de cismáticos e rebeldes que estão destruindo a Igreja", disse ele à revista semanal News.

O cardeal Schönborn retornou a Viena no dia 29 de agosto, e fontes próximas a ele dizem que ele está extremamente preocupado. Há rumores de que ele tem poucas alternativas a não ser suspender os líderes rebeldes, mas há temores de que isso possa levar a um cisma, já que a última pesquisa (do Instituto Oekonsult, encomendada pela Austrian Press Agency) aponta que 76,5% dos austríacos apoiam a Iniciativa.

Dom Egon Kapellari, bispo de Graz, número dois da Conferência dos Bispos da Áustria, disse à revista Profil, na ausência do cardeal Schönborn, que questões como o celibato sacerdotal obrigatório ou a ordenação feminina, que a Iniciativa dos Párocos gostaria de discutir, eram "tarefas que se apresentam diante de nós e que temos que controlar no longo prazo, mas que não podem ser adequadamente respondidas no curto prazo".

Tradução de Moisés Sbardelotto.

Fonte: Instituto Humanitas Unisinos - On-Line - 03/09/2011 - Internet: http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=47004

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