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quinta-feira, 6 de outubro de 2011

O perigo da Religião

21.09.11 - Mundo
José Antonio Pagola - Teólogo e biblista espanhol

Adital

Jesus leva uns dias em Jerusalém movendo-se à volta do templo. Não encontra pelas ruas o acolhimento amistoso das aldeias da Galileia. Os dirigentes religiosos que se cruzam no Seu caminho procuram desautorizá-lo ante as pessoas simples da capital. Não descansarão até envia-Lo para a cruz.
Jesus não perde a paz. Com paciência incansável continua a chama-los para a conversão. Conta-lhes um episódio simples que lhe ocorre ao vê-lo: a conversa de um pai que pede aos seus dois filhos que vão trabalhar a vinha da família.
O primeiro rejeita o pai com uma negativa categórica: «Não quero». Não lhe dá explicação alguma. Simplesmente não lhe apetece. No entanto, mais tarde reflete, dá-se conta que está a rejeitar o seu pai e, arrependido, dirige-se para a vinha.
O segundo atende amavelmente a petição do seu pai: «Vou, senhor». Parece desposto a cumprir os seus desejos, mas rapidamente se esquece do que disse. Não volta a pensar no seu pai. Tudo fica em palavras. Não se dirige para a vinha.
Para o caso de não terem entendido a Sua mensagem, Jesus dirigindo-se aos «sumo sacerdotes e aos anciãos da terra», aplica-lhes de forma direta e provocativa a parábola: «asseguro-vos que os publicanos e as prostitutas estão à vossa frente no caminho do reino de Deus». Quer que reconheçam a sua resistência para entrar no projeto do Pai.
Eles são os "profissionais" da religião: os que disseram um grande "sim" ao Deus do templo, os especialistas do culto, os guardiões da lei. Não sentem necessidade de converter-se. Por isso, quando veio o profeta João a preparar os caminhos a Deus, disseram-lhe "não"; quando chegou Jesus convidando-os a entrar no Seu reino, continuaram a dizer "não".
Pelo contrário, os publicanos e as prostitutas são os "profissionais do pecado": os que disseram um grande "não" ao Deus da religião; os que se colocaram fora da lei e do santo culto. No entanto, o seu coração manteve-se aberto à conversão. Quando veio João acreditaram nele; ao chegar Jesus acolheram-no.
A religião nem sempre conduz a fazer a vontade do Pai. Podemo-nos sentir seguros no cumprimento dos nossos deveres religiosos e habituar-nos a pensar que nós não necessitamos de converter-nos nem mudar. São os afastados da religião os que o hão-de fazer. Por isso é tão perigoso substituir o escutar o Evangelho pela piedade religiosa. Diz Jesus: "Nem todos os que me digam "Senhor", "Senhor" entrarão no reino de Deus, mas os que façam a vontade do Meu Pai do céu".

[Tradução: Antonio Manuel Álvarez Pérez. Enviado por Eclesalia Informativo].

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