Quinta, 23 de agosto de 2012
A Companhia de Jesus é parte essencial da “Universidade rebelde”
do Peru, ex-Pontifícia e Católica. Os
sacerdotes jesuítas estão presentes nesta instituição desde o seu início.
Agora, em meio ao conflito do colegiado com a Santa Sé, a
ordem saiu em defesa das autoridades universitárias. Ao fazer isso, lamentou a
retirada de títulos emitidos com aprovação papal e convidou a Igreja para
retomar o diálogo.
A reportagem é de Andrés Beltrano Álvarez, publicada no sítio Vatican Insider, 22-08-2012. A tradução é do Cepat.
Enquanto a direção da ex-PUCP mantém uma posição de aberto enfrentamento às disposições de Roma, os jesuítas acreditam que ainda é possível salvar a situação. Ao menos foi o que manifestou o provincial da Companhia de Jesusno Peru, Miguel Gabriel Cruzado Silveri, em uma carta a Salvador Piñero, presidente da Conferência Episcopal Peruana.
Um texto com cinco páginas, cujo conteúdo excede as fronteiras do país, pois foi enviado com cópia para o prepósito geral da ordem, Adolfo Nicolás; ao secretário de Estado da Santa Sé, Tarcisio Bertone; ao prefeito para a Educação Católica, Zenon Grocholewski e ao flamejante prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Gerhard Ludwig Müller.
Nesta carta, Cruzado Silveri recordou a presença jesuíta na Universidade, cujo ápice foi alcançado com os reitoresRubén Vargas Ugarte (1947-1953) e Felipe Mac Gregor (1963-1977) e a exaltou como um “instrumento eficaz para a evangelização”, bem como “fonte de crescimento de vocações para o sacerdócio, vida consagrada e apostolado leigo”.
No restante da carta, o provincial defendeu os pontos que determinaram a rebeldia da cúpula universitária. Embora aSanta Sé tenha pedido várias vezes e sem êxito que os estatutos do centro educativo fossem adequados à constituição apostólica “Ex Corde Eclesiae”, para o superior jesuíta a ex-PUCP desenvolve sua missão “no fundamental e de maneira sempre perfectível, dentro do espírito” desse documento.
Cruzado Silveri reconheceu “a presença efetiva de vozes discrepantes em relação ao caráter católico e eclesial”, mas considerou que isto é uma realidade “própria de toda instituição universitária”. Além disso, expressou “profundo pesar” pelo enfrentamento público de irmãos na fé, situação que “prejudica seriamente o serviço eclesial”. E concluiu: “É muito doloroso comprovar que esta situação de conflito deteriorou gravemente a credibilidade de nossa mensagem evangelizadora, principalmente entre os jovens do Peru”.
“O decreto emitido pelo cardeal Secretário de Estado não recebeu, de parte de amplos setores da PUCP e da sociedade peruana, a aceitação que poderia ter sido esperada, e para sua correta aplicação se choca com múltiplos abrolhos de ordem jurídica, até o ponto de poder gerar lamentáveis enfrentamentos entre a Santa Sé e o Estado Peruano”, sustentou.
Por tudo isto, o Provincial convidou as autoridades eclesiásticas para retomar o diálogo com a Universidade, para conquistar uma solução definitiva baseada no acordo do último dia 31 de março. Uma proposta alcançada pelas partes em conflito, mas que a Assembleia Universitária da ex-PUCP nunca quis aceitar.
“Caso não se consiga um acordo, corre-se o risco de que a Igreja perca uma instituição acadêmica da maior qualidade e excelência, e pela polarização das posturas, sejam exacerbados os sentimentos de amargura e animadversão contra nossa Igreja”, advertiu o jesuíta.
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