As forças progressistas, da Teologia da Libertação, incluindo teólogos/as, pastorais sociais, Cebs, agentes de pastoral, religiosos/as, leigos e leigas, se mobilizaram para participar da Conferencia de Aparecida (2007) - uma des suas ações foi a Tenda dos Mártires, como espaço aberto, celebrativo, por 15 dias, enquanto durou a Conferência. A Tenda dos Mártires foi um alerta à toda Igreja para não esquecer seus mártires, sua caminhada, sua identidade de libertação.
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segunda-feira, 29 de abril de 2013
Papa Francisco e a teologia da libertação
29.04.13 - Mundo
Leonardo Boff
Teólogo, filósofo e escritor
Adital
Muitos me têm perguntado que pelo fato de o atual Papa Francisco provir da América Latina, seja um adepto da teologia da libertação. Esta questão é irrelevante. O importante não é ser da teologia da libertação, mas da libertação dos oprimidos, dos pobres e injustiçados. E isso ele o é com indubitável claridade.
Este, na verdade, sempre foi o propósito da teologia da libertação. Primeiramente vem a libertação concreta da fome, da miséria, da degradação moral e da ruptura com Deus. Esta realidade pertence aos bens do Reino de Deus e estava nos propósitos de Jesus. Depois, em segundo lugar, vem a reflexão sobre este dado real: em que medida aí se realiza antecipatoriamente o Reino de Deus e de que forma o cristianismo, com o capital espiritual herdado de Jesus, pode colaborar, junto com outros grupos humanitários, nesta libertação necessária.
Esta reflexão posterior, chamada de teologia, pode existir ou não. O decisivo é que o fato da libertação real ocorra. Mas sempre haverá espíritos atentos que ouvirão o grito do oprimido e da Terra devastada e que se perguntarão: com aquilo que aprendemos de Jesus, dos Apóstolos e da doutrina cristã de tantos séculos, como podemos dar a nossa contribuição ao processo de libertação? Foi o que realizou toda uma geração de cristãos, de cardeais a leigos e a leigas a partir dos anos 60 do século passado. Continua até os dias de hoje, pois os pobres não cessam de crescer e seu grito já se transformou num clamor.
Ora, o Papa Francisco fez esta opção pelos pobres, viveu e vive pobremente em solidariedade a eles e o disse claramente numa de suas primeiras intervenções:”Como gostaria uma Igreja pobre para os pobres”. Neste sentido, o Papa Francisco, está realizando a intuição primordial da Teologia da Libertação e secundando sua marca registrada: a opção preferencial pelos pobres, contra a pobreza e a favor da vida e da justiça.
Esta opção não é para ele apenas discurso mas opção de vida e de espiritualidade. Por causa dos pobres, tem se indisposto com a presidenta Cristina Kirchner pois cobrou de seu governo mais empenho político para a superação dos problemas sociais que, analiticamente se chamam desigualdades, eticamente, representam injustiças e teologicamente constituem um pecado social que afeta diretamente ao Deus vivo que biblicamente mostrou estar sempre do lado dos que menos vida tem e são injustiçados.
Em 1990 havia na Argentina 4% de pobres.Hoje, dada a voracidade do capital nacional e internacional, se elevam a 30%. Estes não são apenas números. Para uma pessoa sensível e espiritual como o Papa Francisco, tal fato representa uma via-sacra de sofrimentos, lágrimas de crianças famintas e desespero de pais desempregados. Isso faz-me lembrar uma frase de Dostoievski: ”Todo o progresso do mundo não vale o choro de uma criança faminta.”
Esta pobreza tem insistido com firmeza o Papa Francisco: não se supera pela filantropia; mas, por políticas públicas para que devolvam dignidade aos oprimidos e os torne cidadãos autônomos e participativos.
Não importa que o Papa Francisco não use a expressão "teologia da libertação”. O importante mesmo é que ele fala e age na forma de libertação.
É até bom que o Papa não se filie a nenhum tipo de teologia, como a da libertação ou de qualquer outra. Seus dois antecessores assumiram certo tipo de teologia que estava em suas cabeças e se apresentava como expressões do magistério papal. Em nome disso se fizeram condenações de não poucos teólogos e teólogas.
Sabem os historiadores que a categoria "magistério” atribuída aos Papas é uma criação recente. Começou a ser empregada pelos Papas Gregório XVI (1765-1846) e por Pio X (1835-1914) e se fez comum com Pio XII (1876-1958). Antes "magistério” era constituído pelos doutores em teologia e não pelos bispos e pelo Papa. Estes são mestres da fé. Os teólogos são mestres da inteligência da fé. Portanto, aos bispos e Papas não cabia fazer teologia: mas testemunhar oficialmente e garantir zelosamente a fé crista. Aos teólogos e teólogas cabia e cabe aprofundar este testemunho com os instrumentos intelectuais oferecidos pela cultura em presença. Quando Papas se põem a fazer teologia, como ocorreu recentemente, não se sabe se falam como Papas ou como teólogos. Cria-se grande confusão na Igreja; perde-se a liberdade de investigação e o diálogo com os vários saberes.
Graças a Deus que o Papa Francisco explicitamente se apresenta como Pastor e não como Doutor e Teólogo mesmo que fosse da libertação. Assim é mais livre para falar a partir do evangelho, de sua inteligência emocional e espiritual, com o coração aberto e sensível, em sintonia com o mundo hoje planetizado. Papa Francisco: coloque a teologia em tom menor para que a libertação ressoe em tom maior: consolação para os oprimidos e apelo às consciências dos poderosos. Portanto, menos teologia e mais libertação.
[Leonardo Boff é autor de Teologia do cativeiro e da libertação, Vozes 2013].
http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=74977
quinta-feira, 25 de abril de 2013
‘Pacem in Terris’. Os 50 anos de uma encíclica e a dimensão social do Evangelho.
24.04.13 - Mundo
Entrevista com Frei Carlos Josaphat
IHU - Unisinos
Instituto Humanitas Unisinos
Adital
Quarta, 24 de abril de 2013.
"Pacem in Terris inaugurou uma nova etapa nas relações da Igreja com o conjunto dos povos, fazendo esquecer, ao menos em parte, dolorosos desentendimentos do passado”, avalia o frei dominicano.
Confira a entrevista.
"A mensagem mais oportuna, mais sábia, mais operacional para o mundo moderno”. É assim que Frei Carlos Josaphat descreve a encíclica Pacem in Terris, de João XXIII, publicada há 50 anos.
Na foto ao lado, João XXIII assina a encíclica no dia 11 de abril de 1963.
Para o frei dominicano, ao lado de Mater et Magistra, a Pacem in Terrisconstitui "a melhor formulação ética da dimensão social do Evangelho, a qual se torna operacional pelo empenho de não ficar em uma elaboração teórica, abstrata. Mas, inaugurando uma análise dos sistemas industriais, econômicos, agrícolas, elas lançam uma grande luz sobre as raízes e causas das exclusões e desigualdades sociais”.
Na avaliação de Josaphat, o pontificado de João XXIII é uma das "maiores guinadas na história da Igreja”, e significou, junto com o Vaticano II, "o ponto mais alto da doutrina social da Igreja, estendendo e clareando para o mundo moderno a dimensão social do Reino de Deus”.
No Brasil, a encíclica repercutiu entre os movimentos populares e estudantis, contribuindo para a elaboração das reformas de base.
A Pacem in Terris "amadureceu a ideia de uma democracia social, respeitando e promovendo os direitos individuais e sociais, em oposição a todo golpe que rompesse com a marcha de democratização progressiva do país”, ressalta.
Frei Carlos Josaphat (foto abaixo) é professor da Escola Dominicana de Teologia – EDT, de São Paulo, desde 1994, do Instituto Teológico de São Paulo – Itesp, da Pontifícia Universidade de São Paulo e da Pontifícia Universidade de Minas Gerais, dentre outras.
Além de diversas obras publicadas na Europa, é autor de inúmeras obras no Brasil, das quais destacamos as mais recentes, como Evangelho e revolução social(Ed. Loyola, 2002, reedição de aniversário dos 40 anos da obra), Evangelho e diálogo inter-religioso (Ed. Loyola, 2003), Falar de Deus e com Deus hoje(Ed. Paulus, 2004), Ética e mídia: Liberdade, responsabilidade e sistema(Ed. Paulinas, 2006), Frei Bartolomeu de Las Casas: Espiritualidade contemplativa e militante (Ed. Paulinas, 2008) eÉtica mundial: Esperança da humanidade globalizada (Ed. Vozes, 2010).
Confira a entrevista.
IHU On-Line – Como avalia o pontificado de João XXIII? Qual foi o significado de seu papado?
Frei Carlos Josaphat – Eleito aos 78 anos, João XXIII seria na intenção do conclave um papa de transição. Humilde e obediente, tendo sempre como lema "Obediência e paz”, o pontífice ancião não inspirava, a quantos estavam aferrados ao passado, qualquer temor de que surpreendesse a Igreja com propostas inovadoras. Enganaram-se redondamente, pois ignoravam o segredo que estava no íntimo da vida do sacerdote, do bispo, do diplomata, do cardeal Roncalli.
Sempre e em toda parte, ele estava atento às comunidades e aos movimentos renovadores. E por vezes os ajudava discretamente. Mas vivia na paz, trilhando os rudes caminhos da obediência. Ao ser eleito, ele evoca em suas Memórias a reflexão que fez diante de Deus: Se a Providência me confia a autoridade suprema na Igreja, isso significa que devo buscar realizar meus projetos de renovação evangélica para o bem de todo o povo de Deus. Embora esses projetos não tenham sido do agrado de instâncias superiores a que sua missão de padre, bispo ou diplomata o havia submetido.
Então, ele retoma como pontífice os ideais que o animavam desde jovem padre, junto ao bispo de Bérgamo, Radini Tedeschi, aberto a uma pastoral popular e social. O pontificado de João XXIII é uma das maiores guinadas na história da Igreja, a busca de um evangelismo radical que já inspirava o coração desse grande discípulo de Cristo. Seu empenho, no decorrer de sua vida, era descobrir como atuaram sempre os grandes reformadores da Igreja. Assim, sendo nomeado Patriarca de Veneza, o cardeal Roncalli tomou São Carlos Borromeu como modelo na realização de um ministério colegial. Desse modelo, ele aprendeu, por exemplo, a lição da importância dos sínodos para renovar e ativar a vida da comunidade eclesial. A primeira coisa que fez à frente da Igreja foi convocar um sínodo para a diocese de Roma e um concílio ecumênico para a Igreja universal.
IHU On-Line – Em que contexto histórico o Papa João XXIII publicou a encíclica Pacem in Terris e quais as novidades apresentadas pelo documento?
Frei Carlos Josaphat – Esta encíclica foi publicada em 11 de abril de 1963, completando, ampliando e aprofundando a mensagem da encíclica Mater et Magistra de 15 de maio de 1961. Esta comemorava os 70 anos da encíclica Rerum Novarum de Leão XIII (15/05/1891). Pio XII tivera duas ocasiões de comemorar este primeiro documento, que tinha rejuvenescido a doutrina social da Igreja diante da crise social do capitalismo. Mas só consagrou a esses dois importantes aniversários duas breves mensagens radiofônicas, em 1941 e 1951.
João XXIII retoma o exemplo de Pio XI, que tinha dado o maior relevo ao quadragésimo aniversário daRerum Novarum, realçando as contribuições e sugestões de Leão XIII, suas críticas ao capitalismo. Insistiu especialmente sobre suas propostas de reformas substanciais do sistema econômico. Pio XI ousava declarar a insuficiência do regime salarial e proclamar a oportunidade de promover a participação dos trabalhadores nos lucros e na administração das empresas. Foi pouco seguido em suas audácias. No entanto, essa encíclica Quadragesimo Anno, de 14 de maio de 1931, inspirou a dimensão social da Constituição brasileira de 1934, graças ao trabalho sobre a opinião púbica e sobre os políticos, empreendido sob a iniciativa de Alceu Amoroso Lima.
Imitando e superando o exemplo de Pio XI, João XXIII vai mais longe e mais fundo, procurando elaborar nas suas duas encíclicas uma espécie de suma de ética social, de autêntica inspiração evangélica e assumindo um humanismo integral e solidário. Isso porque ele sempre mantém o empenho de articular os valores evangélicos e humanos e de confrontá-los com a realidade do mundo nos anos 1960.
Melhor formulação ética
Assim,Mater et Magistra e Pacem in Terris constituem a melhor formulação ética da dimensão social do Evangelho, a qual se torna operacional pelo empenho de não ficar em uma elaboração teórica, abstrata. Mas, inaugurando uma análise dos sistemas industriais, econômicos, agrícolas, elas lançam uma grande luz sobre as raízes e causas das exclusões e desigualdades sociais.
A encíclica Pacem in Terris aborda os problemas do desenvolvimento e do subdesenvolvimento dos povos, de suas relações a serem conduzidas na base da justiça, da solidariedade e de uma participação de todas as nações na análise e nas decisões das questões e problemas mundiais.
A encíclica é muito bem ordenada, tendo a primeira parte consagrada à elaboração de uma ética pessoal e social, em torno e à luz dos quatro valores de base: a Verdade, a Liberdade, a Justiça e o Amor (ou a Solidariedade). Três vastas partes (da II a IV) formam uma síntese absolutamente original, mostrando como os princípios e os valores éticos se devem aplicar a cada nação, às relações entre as nações e na orientação e no governo mundial.
Os padres conciliares e seus assessores tinham nas mãos essa encíclica durante todo o Concílio Vaticano II, em cujo decurso foi elaborada a constituição pastoral Gaudium et Spes, promulgada no dia sete de dezembro de 1965. Essa constituição retoma, amplia e homologa com sua autoridade conciliar as grandes linhas da encíclica Pacem in Terris. A comemoração do jubileu de Vaticano II, especialmente da constituição Gaudium et spes, deve levar ao estudo cuidadoso das duas encíclicas sociais de João XXIII. Temos no ensino deste papa e do Vaticano II o ponto mais alto da doutrina social da Igreja, estendendo e clareando para o mundo moderno a dimensão social do Reino de Deus.
Note-se a colaboração harmoniosa dos papas mediante suas encíclicas, apontando o caminho para o maior de todos os concílios, na expressão de Paulo VI ao encerrar Vaticano II. Este papa escreveu sua primeira encíclica intitulada "Sobre a Igreja” (Ecclesiam Suam, 6 de agosto de 1964). Nela insistia sobre a compreensão da Igreja do diálogo e da comunhão. E essa encíclica vinha ao encontro da preocupação dos padres conciliares que preparavam a Constituição dogmática e fundamental, Lumen Gentium (4 de dezembro de 1964), centro e fonte das inovações evangélicas do Concílio.
IHU On-Line – Quais as repercussões políticas desta encíclica, considerando o contexto de guerra nuclear da época?
Frei Carlos Josaphat – A encíclica não só foi considerada como o "Testamento espiritual” do mais amável e benquisto dos pontífices, mas como a mensagem mais oportuna, mais sábia, mais operacional para o mundo moderno. Na verdade, os riscos e as ameaças nucleares eram o pico de toda uma cordilheira de incompreensões, de corrida pela indústria e comércio de armas, de guerrilhas e de guerras locais, da concorrência enlouquecida dos dois blocos que dilaceravam o mundo inteiro.
O papa consagra a IV Parte da encíclica à "Ordem da Comunidade Mundial”. E como termina cada uma das partes indicando os "Sinais dos tempos”, designando assim os acontecimentos que lembram a presença do Espírito agindo na história, conclui também a IV Parte apontando para a ONU, "Etapa importante”, sinal privilegiado dos tempos da esperança para uma nova humanidade. Esta encíclica foi acolhida com entusiasmo pela ONU, que comemorou, em 1973, de maneira solene e com estudos profundos o decênio do grande documento de João XXIII. Pacem in Terris inaugurou uma nova etapa nas relações da Igreja com o conjunto dos povos, fazendo esquecer, ao menos em parte, dolorosos desentendimentos do passado.
IHU On-Line – Nela menciona-se a necessidade da construção de uma autoridade política mundial. Qual a atualidade dessa ideia?
Frei Carlos Josaphat – O Concílio Vaticano II retoma com a maior insistência a necessidade, cada vez mais urgente, de uma ética mundial, de um direito e de um governo internacionais. A ONU tem voltado ao tema e muitos estudos da Unesco vão nesse sentido. Há problemas mundiais, cada vez mais relevantes, pedindo decisões e medidas de caráter mundial. É urgente universalizar verdadeiramente a ONU, acabando com prerrogativas e direitos privilegiados para os "Grandes” e democratizando a instituição, que deve ser a salvaguarda da democracia no mundo. Se o imperialismo econômico e político não desaparecer, é a humanidade que corre o risco de desaparecer. João XXIII e Vaticano II são as grandes vozes proféticas para a esperança do mundo.
IHU On-Line – Como esta encíclica repercutiu na Igreja brasileira?
Frei Carlos Josaphat – As duas encíclicas de João XXIII tiveram muita repercussão entre os movimentos populares, estudantis e boa parte da opinião pública. Eles se mobilizaram em torno do que, nos anos 1960, se chamavam as "reformas de base”, apoiando-se no ensino social da Igreja. Amadureceu a ideia de uma democracia social, respeitando e promovendo os direitos individuais e sociais, em oposição a todo golpe que rompesse com a marcha de democratização progressiva do país. Já ficou assinalado acima como, em 1934, a democratização e a entrada do direto social na constituição foram ajudadas por uma consciência social cristã despertada e sustentada pela doutrina da Igreja, condensada na encíclica Quadragesimo Anno. Algo semelhante, profundo e permanente se deu no processo de redemocratização após a ditadura de 1964. A influência da Pacem in Terris, preparada porMater et Magistra, foi reforçada pelo Concílio Vaticano II e pela encíclica Populorum Progressio (26 de março de 1967) de Paulo VI.
Apesar dos avanços do economismo e do consumismo, do imperialismo dos monstros frios transnacionais, a inspiração social do Evangelho cresceu em nosso país e na América Latina sob o influxo da doutrina pontifícia e conciliar, difundida e aplicada pelo episcopado brasileiro e latino-americano. As Conferências dos Episcopados do Continente, movimentos como a Campanha da Fraternidade, têm acentuado a atualidade e dado um caráter operacional à dimensão social do Evangelho. Ele é pregado e testemunhado como fonte de salvação e de promoção de uma sociedade justa e solidária.
IHU On-Line – Qual a atualidade deste documento 50 anos depois?
Frei Carlos Josaphat – A mensagem desta encíclica, sua redação muito clara e precisa, seu estilo simples e direto, tornam sua leitura muitíssimo proveitosa, mais fácil e mesmo agradável para pessoas e movimentos de diferentes níveis culturais. As medidas e os projetos propostos em Pacem in Terris levam em conta a atualidade, mas não se particularizam nem se prendem às condições circunstanciais e contextuais do momento em que foi escrita. Mais do que outros documentos eclesiásticos, as encíclicas de João XXIII, especialmente Pacem in Terris, conseguem fazer a junção do Evangelho com a vida, convidando a analisar e compreender o mundo moderno com seus desafios, suas aspirações e seus desvios.
IHU On-Line – Deseja acrescentar algo?
Frei Carlos Josaphat – A maior urgência, sobretudo para os cristãos, é descobrir ou intensificar a certeza na verdade evangélica: Deus é Amor, Deus ama mesmo este mundo que aí está. E nos confia a missão de tudo fazer para promover o Reino do Amor. É a mensagem da penúltima hora, proclamada nas encíclicas de João XXIII, no Concílio Vaticano II, especialmente em Gaudium et Spes, a que Paulo VI quis acrescentar sua encíclica "latino-americana” Populorum Progressio. Sem se desfazer dos outros, esses são os documentos mais densos, mais diretos e que melhor exprimem a urgência de nosso compromisso cristão diante da humanidade globalizada e pós-moderna.
http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=74905

terça-feira, 23 de abril de 2013
CNBB se opõe à PEC indígena e é contra redução da maioridade penal
<19/04/2013 19h17 - Atualizado em 20/04/2013 09h54
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Após nove dias de encontro em Aparecida, bispos encerram assembleia.
Eles se posicionaram sobre assuntos que estão em pauta no país.
Do G1 Vale do Paraíba e Região
Os bispos encerraram nesta sexta-feira (19) a Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Aparecida, no interior de São Paulo. No evento, a entidade se posicionou contra a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que transfere ao Congresso a decisão sobre a demarcação de terras indígenas e se opôs à redução da maioridade penal.
De acordo com documento produzido pela entidade, a demarcação, reconhecimento e titulação de territórios indígenas é dever constitucional do poder executivo. 'Sendo de ordem técnica, (o assunto) exige estudos antropológicos, étnico-históricos e cartográficos. Não convém portanto que seja transferido ao legislativo', diz trecho. Os bispos reafirmam que o adiamento da instalação da sessão para definir o assunto só no 2º semestre não elimina a apreensão da igreja quanto ao lobby pela aprovação da PEC.
Sobre a redução da maioridade penal, Dom Raymundo Damasceno, arcebispo de Aparecida e presidente de CNBB, afirmou que o Estado precisa atacar as causas do problema que levam jovens a cometerem delitos.
"Precisa abordar o tema de maneira mais ampla, identificar suas causas, que se encontram sobretudo na desagregação familiar, na falta de oportunidades para esses adolescentes, na insuficiência de políticas públicas por parte do Estado, na banalização da vida, no narcotráfico que recruta esses jovens e na falta de segurança. Reduzir a maioridade penal é simplificar o problemas que provavelmente não será resolvido", afirmou.
A questão voltou ao debate depois que um rapaz de 17 anos matou e confessou o assassinato de um jovem. Ele completou 18 anos três dias depois do crime. Na ocasião, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), defendeu mudanças no Estatuto da Criança e do Adolescente.
Renovação das paróquias
Durante os nove dias de encontro, os bispos debateram ainda as diretrizes da igreja. O tema deste ano foi a renovação das paróquias. Para Dom Raymundo, a igreja precisa ir até os cristãos. "A paróquia tem que ser missionária e não mera prestadora de serviços para quem vai até ela", defendeu o religioso.
Os bispos discutiram ainda a Jornada Mundial da Juventude, prevista para acontecer em julho no Rio de Janeiro. O grupo aguarda a visita de uma comissão do Vaticano, que vai definir a agenda do Papa Francisco no Brasil.
http://g1.globo.com/sp/vale-do-paraiba-regiao/noticia/2013/04/cnbb-se-opoe-pec-indigena-e-e-contra-reducao-da-maioridade-penal.html
sábado, 20 de abril de 2013
Nota de solidariedade aos moradores em situação de rua
51ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), CNBB, Notícias
Newsletters, Notícias
Por conta da sequencia de assassinatos de moradores de rua em Goiânia (GO), os bispos da Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, Justiça e Paz da CNBB, divulgaram nota de solidariedade ao povo de rua. Também assinam o documento, publicado na manhã desta quarta-feira, 17 de abril, os bispos do Regional Centro-Oeste e da Arquidiocese de Goiânia.
Íntegra da nota.
Nota de solidariedade aos moradores em situação de rua
A Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, Justiça e Paz; o Regional Centro Oeste da CNBB e a Arquidiocese de Goiânia, reunidos na 51ª Assembleia geral da CNBB, em Aparecida – SP, manifestam seu repúdio ao extermínio da população em situação de rua que vem ocorrendo em Goiânia-GO e na Grande Goiânia. De agosto de 2012 a abril deste ano, foram brutalmente assassinados 30 moradores em situação de rua, dos quais a grande maioria é de jovens, inclusive uma criança de 11 anos.
Diante desta condenável situação, solicitamos:
1. Que os poderes públicos municipal, estadual e federal tomem medidas urgentes que eliminem esta situação de violência e restabeleçam a paz e segurança aos moradores de rua;
2. Que as mortes dos moradores em situação de rua sejam investigadas e federalizadas imediatamente;
3. Que sejam tornados públicos os resultados das investigações com sua ampla divulgação na mídia;
4. Que os responsáveis sejam processados, julgados e condenados com rigor e rapidez;
5. Que o Estado de Goiás e a Prefeitura de Goiânia se responsabilizem efetivamente pelas mortes dos moradores em situação de rua e se comprometam em auxiliar os familiares das vítimas;
6. Que sejam criados, em caráter emergencial, espaços físicos que ofereçam alimentação, dormitório e, sobretudo, segurança aos moradores em situação de rua;
7. Que se criem políticas públicas de inclusão social dos moradores em situação de rua, devolvendo-lhes a dignidade humana roubada e ferida e os tire dessa situação degradante.
Lamentamos que casos como o de Goiânia se repitam em outras partes do país. Conclamamos aos gestores públicos que promovam a justiça e o fim do extermínio de tantas pessoas humanas que, como todo povo brasileiro, merecem viver e conviver com dignidade.
Na esperança de que nosso pedido seja atendido e de que a paz volte a reinar neste chão, invocamos a bênção de Deus sobre todos os seus filhos e filhas.
Aparecida – SP, 17 de abril de 2013
D. Guilherme Antonio Werlang MSF – Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, Justiça e Paz da CNBB
Bispos membros da Comissão: Dom Enemésio Angelo Lazzaris FDP; Dom José Luiz Ferreira Sales CSSR; Dom José Moreira Bastos Neto; Dom Pedro Luiz Stringhini; Dom Roque Paloschi;
Dom José Luiz Majella Delgado CSSR – Presidente do Regional Centro-Oeste da CNBB
Dom Washington Cruz CP – Arcebispo Metropolitano de Goiânia – GO
http://www.semanasocialbrasileira.org.br/post/2348
sexta-feira, 19 de abril de 2013
Bispos vetam projeto sobre questão agrária
15 de abril de 2013 | 20h 05
JOSÉ MARIA MAYRINK, ENVIADO ESPECIAL - Agência Estado
Os bispos vetaram nesta segunda-feira, 15, por consenso o projeto sobre a Questão Agrária que deveria ser publicado como documento oficial da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), na próxima sexta-feira, por considerar o texto parcial e de inspiração socialista. Dezenas de sugestões e de emendas apresentadas no plenário da Assembleia Geral do episcopado, reunida em Aparecida, tornaram inviável a publicação do documento, que só será votado no próximo ano.
"Houve objeções à linguagem e ao conteúdo com relação, por exemplo aos movimentos sociais e à análise de novas realidades", disse o vice-presidente da CNBB, d. José Belisário da Silva, arcebispo de São Luiz (MA). Os bispos rejeitaram a sugestão de que, feitas as emendas, o projeto fosse enviado ao Conselho Permanente, que se reúne periodicamente em Brasília e poderia aprovar a nova versão. O plenário preferiu transferir a responsabilidade para a 52ª Assembleia Geral, em 2014.
Os pontos mais polêmicos foram os referentes a movimentos sociais, como a Via Campe-
sina e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), que tiveram mais importância para a Igreja Católica no passado, mas que, na opinião dos bispos, não merecem mais o destaque e o apoio quase incondicional que tiveram no texto vetado. O agronegócio, criticado no texto como se fosse uma realidade opressora dos pequenos agricultores e trabalhadores rurais, deverá receber outro tratamento na revisão da proposta de documento.
"Os bispos sugeriram, numa enxurrada de emendas, que se reconheça o avanço alcançado na questão agrária nos últimos 33 anos, desde 1980, quando a CNBB publicou seu último documento oficial sobre o tema", informou o bispo de Ipameri (GO), presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz. "Houve avanço na Reforma Agrária, embora haja muito ainda a fazer, e conquistas da parte da sociedade, da ação política e da Igreja", observou.
O conceito de latifúndio também deverá ser revisto, para evitar uma condenação generalizada, como se toda propriedade de terra fosse sinônimo de injustiça e contrária ao direito natural. A linguagem do projeto de documento, segundo um bispo do Nordeste que lutou pela rejeição do texto, é cheia de chavões marxistas e desatualizada. A mesma comissão que redigiu a versão rejeitada foi encarregada de melhorar a redação.
http://www.estadao.com.br/noticias/geral,bispos-vetam-projeto-sobre-questao-agraria,1021311,0.htm
sexta-feira, 12 de abril de 2013
50 anos depois do Concílio Vaticano II: indicações para a semântica religiosa do futuro

terça-feira, 9 de abril de 2013
Verdade: uma tentativa de compreensão

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