Informações da Diocese (
28/10/12)
D. Demétrio
Valentini
Foi surpreendente a participação no
Congresso Teológico Continental, realizado nas dependências da Unisinos, em
São Leopoldo , no Rio Grande do Sul. A expectativa era de
trezentos participantes. Mas o número
chegou a 750, e não foi maior por motivo de espaço no salão das conferências.
Foram cinco dias intensos, com programação
para cada dia, alternando grandes conferências de manhã e de noite, com
oficinas temáticas, painéis diversos, e apresentação de trabalhos teológicos na
parte da tarde. Todas as atividades sempre precedidas de momentos de
espiritualidade, que aconteciam também nas celebrações litúrgicas em horários
antecipados.
Um clima de grande interesse, de
atenção às temáticas apresentadas, e de esforço de captar bem a caminhada feita
por beneméritos teólogos e teólogas da América Latina, sobretudo a partir do
processo de renovação conciliar, que encontrou
por aqui uma generosa acolhida, mesmo em meio a contrariedades, que acabaram caracterizando não só a
renovação eclesial, mas também uma teologia própria, que procurou acompanhar e
dar respaldo à caminhada eclesial em nosso continente.
As datas simbólicas que motivaram a
realização deste Congresso Continental situavam bem o processo de caminhada
conjunta, entre renovação eclesial e reflexão teológica. O Congresso se situou
na marca dos 50 anos da abertura do Concílio Vaticano Segundo, e dos 40 anos da
publicação do livro do Pe. Gustavo Gutiérrez, Teologia da Libertação, que acabou dando nome à teologia latino
americana que procurou “dar as razões da esperança” deste Continente.
Olhando com serenidade este processo
de busca de sintonia entre vivência eclesial e reflexão teológica, se chega a
uma constatação simples, mas profunda. Toda caminhada eclesial necessita do
respaldo de um processo de reflexão, que ofereça referências consistentes e
motivações autênticas. Toda caminhada própria de Igreja requer uma teologia
própria, que dê razões adequadas para as situações que interpelam a fé e pedem
o suporte da razão.
Assim dá para dizer que fazia o
Cristo, de acordo com os relatos do Evangelho. Com frequência ele explicava em
particular as parábolas aos seus discípulos, ou se retirava à parte com eles, instruindo-os melhor a respeito do
Reino.
Assim fizeram Paulo e Barnabé, quando
se detiveram um ano inteiro com a comunidade de Antioquia, dando fundamento
consistente à incipiente vida eclesial, que em seguida se tornaria ponto de
partida para a missão no império romano.
Assim fizeram nos primeiros séculos da
Igreja, aqueles que hoje chamamos de “santos padres”, que sentiram a
necessidade de respaldar a fé cristã, que estava tomando forma explicita, com o
suporte da razão.
Daí resultaram os primeiros grandes tratados de teologia. E´
bom conhecê-los, não só porque iluminam ainda hoje nossa fé, mas para nos
incentivar a fazer como eles fizeram: na medida que percorremos novos caminhos,
e enfrentamos novas dificuldades, precisamos refletir, colocando em ação a
capacidade humana que Deus nos deu para pensar, e desta maneira fazer brilhar
melhor a fé, que continua iluminando também as realidades próprios de nosso
continente.
A urgência de pensar a fé, a partir de
nossa realidade, à luz da Palavra de Deus, em comunhão eclesial, foi certamente
um recado precioso deste grande Congresso Teológico.
Neste contexto soam bem as palavras de João
Paulo II, em carta dirigida à CNBB, em abril de 1986, afirmando bem claramente
que “a teologia da libertação é não só oportuna, mas útil e necessária”.
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